O Silêncio da Palavra
Recebi por e-mail, do Senhor Manuel Bastos, ex-combatente da guerra colonial e autor do blog Cacimbo o seguinte comentário:
"Anexo um texto que gostaria de dar a ler aos seus alunos em primeira-mão. Escrevi-o para eles, que segundo me apercebo, vêm muitas vezes visitar o meu blog."
Semanas antes, outros soldados saíram à rua em Lisboa, mas não traziam armas nas mãos nem vinham devidamente aprumados. Traziam muletas, cadeiras de rodas, braços ao peito e levantavam um cartaz de protesto sobre as suas cabeças.
Sobre as suas cabeças os soldados exibiam o espaço em branco das palavras por escrever, o silêncio dos gritos por soltar; exibiam o derradeiro protesto dos amordaçados: um cartaz em branco.
Os automóveis na Avenida da Liberdade pararam para os deixar atravessar e as pessoas pararam para ler o silêncio insultuoso do cartaz, mas em breve outros soldados que ainda tinham pernas e braços e armas vieram fazê-los parar e levaram-nos com eles. Sobre o chão ficou o cartaz em branco rasgado; a palavra duas vezes amordaçada; a palavra banida antes de ser dita; o próprio silêncio da palavra por dizer, que de tão óbvia fora previamente censurada, como um filho que é negado antes de ser concebido porque os pais se odeiam.
Agora as pessoas de Lisboa saíram à rua. E porque enchem as pessoas as ruas de Lisboa só porque os soldados apearam do poder os governantes do país? Porque não ficaram em casa, à espera que tudo se acalmasse? Que vêm dizer as pessoas umas às outras
Hoje nenhuma palavra foi negada. Hoje nenhum cartaz foi rasgado por ostentar a ausência da palavra proibida como se o silêncio fosse o molde da própria palavra e a repetisse incessantemente a toda a gente.
As pessoas gritam em Lisboa a plenos pulmões todas as palavras e todas as palavras são possíveis e de entre todas as palavras que dizem, o povo de Lisboa diz a palavra mais proibida de todas, aquela que foi proibida mesmo quando não foi escrita e o seu lugar em branco num cartaz fez sentir ainda mais a sua falta.
Foi isso que as pessoas foram fazer para a rua naquele dia do mês de Abril, quando as flores costumam abrir ao nascer do sol em busca da luz - enquanto os soldados apeavam do poder aqueles que proibiam até o silêncio das palavras, o povo de Lisboa saiu à rua em busca da Liberdade.
Um grande abraço, 6º ano
10 Comments:
At 8:02 da tarde, Anónimo said…
Ta muito fixe esta historia do silencio (25 de abril).
E muito interessante.
At 8:19 da tarde, Anónimo said…
ta lindo bigadao pelo post mt mt obrigada foi mt gentil da sua part obrigada pelo seu apoi
bjs
At 9:09 da tarde, Anónimo said…
Stora esta demais agradeca por mim ao sr.bastos
bjs234567
At 8:03 da tarde, Anónimo said…
ta mesmo mt fixe pode agradecer por mim stora.obigado
At 2:24 da tarde, Anónimo said…
O seu blog está muito giro e acolhedor
tente contactar pelo email: pejizoco@clix.pt, pois gostaria de lhe fazer umas perguntas
At 2:26 da tarde, Anónimo said…
este ultimo comentario era pra o senhor "cacimbo"
At 3:29 da tarde, mcbastos said…
Zé Diogo
Fico satisfeito por teres gostado do meu blog, assim como fiquei feliz pelos outros comentários sobre este meu texto que a vossa professora gentilmente publicou.
Se desejas perguntar-me alguma coisa podes fazê-lo para o meu e-mail mcbastos@netvisao.pt
Terei todo o gosto em responder, se souber, claro.
At 12:05 da tarde, Anónimo said…
**************olá**************
Esta lindo bigadao pelo post muito obrigada foi muito gentil da sua parte.Obrigada pelo seu apoi.
+++++++++++++xau+++++++++++++
At 6:29 da tarde, Anónimo said…
Olá stora!!
Pode agradecer ao Sr. Manuel Bastos, por ser tão simpático e nos querer dar mais informação.
Obrigada,gostei muito!
Jokas pa stora!!!!
At 9:32 da tarde, Anónimo said…
ta muito fixe
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